Músicos de Bremen
Era uma vez um burrinho chamado António, um cãozinho traquina de nome Tobias, um gatinho esperto chamado Miguel e um galo fanfarrão conhecido por Francisco. Quatro almas distintas, unidas por um sonho invulgar: tornarem-se músicos famosos na cidade de Bremen.
Cruzaram-se por acaso, à beira da estrada. Um estava a caminho, o outro perdido em pensamentos, outro cansado de andar e o último — bem, o último cantava sozinho. Partilharam histórias. Todos tinham algo em comum: donos que os tinham descartado, como quem deita fora um brinquedo antigo. Velhos, disseram-lhes. Gastos. Sem préstimo.
— Ora essa! — disse o burrinho. — Sozinhos, talvez sejamos fracos. Mas juntos… quem nos para?
E assim, decidiram unir forças. Formar um quarteto. Aventurar-se rumo a Bremen.
Pelo caminho, chegaram a uma casa grande, meio torta, escondida entre árvores. Pela janela entreaberta, viram um banquete posto à mesa — comida farta, que lhes fazia crescer água na boca. Mas havia um problema: a casa estava ocupada por ladrões. E bem acordados.
Foi então que António, o burrinho de ideias vivas, propôs um plano meio maluco:
— Vamos fazer uma torre. Cada um sobe para cima do outro. Depois, fazemos barulho a sério!
E assim foi. António postou-se junto à janela. Tobias trepou-lhe o dorso. Miguel saltou para as costas do cão, e Francisco, todo vaidoso, empoleirou-se no topo.
Quando estavam prontos, começou a sinfonia do caos: zurrar, ladrar, miar e cantarolar — tudo ao mesmo tempo! O som foi tão estrondoso que os vidros estalaram. Lá dentro, os ladrões gelaram de medo. Pensaram que eram monstros, bruxas, sei lá! Fugiram para a floresta sem olhar para trás.
Com a casa desimpedida, os nossos quatro amigos entraram triunfantes. Comeram que se fartaram. Depois, cada um encontrou o seu cantinho: António estirou-se na palha do pátio; Tobias encostou-se atrás da porta; Miguel enroscou-se perto da lareira; e Francisco, como era costume, subiu ao telhado para vigiar tudo.
À meia-noite, os ladrões tentaram voltar. Um deles quis acender um fósforo perto de Miguel — má ideia. O gato saltou-lhe à cara, arranhando e miando feito doido. Outro tentou sair pela porta dos fundos: Tobias agarrou-lhe a perna com os dentes. Um terceiro correu pelo pátio, mas levou um coice certeiro de António. E Francisco, lá de cima, deu o grito de guerra mais estridente da noite.
Os ladrões? Fugiram aos gritos, jurando nunca mais pôr os pés ali.
E os nossos amigos? Ficaram com a casa. Decoraram-na, ensaiaram canções, deram concertos para os vizinhos. Tornaram-se mesmo os músicos mais famosos de Bremen — não por tocarem afinadíssimos, mas por tocarem com alma, em perfeita harmonia. E viveram felizes, de barriga cheia e coração contente 🎶🐾🌟