Era uma vez uma menina despachada chamada Capuchinho Vermelho. Vivia numa aldeia modesta com a mãe e a avó — uma cozinheira de mão cheia, a outra contadora de histórias como ninguém. Capuchinho era conhecida por todo o lado… não só pelo jeito doce, mas também pelo capucho encarnado que usava com orgulho. Era a sua marca. O seu emblema.
Numa manhã solarenga, a mãe entregou-lhe uma cesta com um bolo fofo e uma garrafa de sumo de laranja. Pediu-lhe que os levasse à avó, que andava adoentada.
— Mas vai pelo trilho do costume, ouviste? E nada de conversa com estranhos!
Capuchinho assentiu com firmeza. Sabia o caminho de olhos fechados. Ou achava que sabia.
A floresta, no entanto, tem vida própria. E foi lá, no coração do verde, que deu de caras com um lobo — grande, peludo, de olhos astutos e sorriso enviesado. Mas como nunca ouvira dizer que ele fosse perigoso, respondeu-lhe com simpatia.
— A minha avó mora depois da ponte, perto dos pinheiros. Estou a levá-lhe um bolinho.
O lobo não disse mais nada. Despediu-se com um aceno fingido… e disparou a correr por um atalho. Tinha um plano na cabeça — e dentes afiados na boca.
Chegou à casa da avó antes de Capuchinho. Bateu à porta. A senhora, sem suspeitar, abriu. E o lobo — zás! — engoliu-a inteira, sem mastigar. Depois vestiu-lhe a touca, calçou-lhe os óculos e enfiou-se na cama a fazer voz de velhinha.
Quando Capuchinho chegou, estranhou logo o ar da “avó”.
— Avó… porque tens orelhas tão grandes?
— São para te ouvir melhor, querida…
— E esses olhos esbugalhados?
— Para te ver melhor…
— E essa boca enorme?
— É para te comer melhor!
O lobo saltou da cama num pulo, pronto a devorá-la também. Mas o destino não dorme — e o caçador também não. Passava por ali e ouviu a gritaria. Entrou pela porta dentro, espingarda na mão e coragem no peito.
Abriu a barriga do lobo com cuidado, e lá estava a avó — viva, embora algo zonza. Para garantir que o bicho não pregava mais sustos, encheram-lhe o estômago com pedras pesadas. Quando o lobo tentou fugir… tombou como um saco.
O caçador levou a pele como prémio. Capuchinho voltou para casa com a avó pela mão e um aviso cravado no coração:
Na floresta, não é só o caminho que importa — é a atenção com que se pisa cada passo. 🌲🧺🦊