Os Sete Corvos

Era uma vez um casal que tinha sete filhos — todos rapazes, todos travessos. Apesar de os amarem profundamente, os pais sonhavam com uma filha. E o desejo, um dia, tornou-se realidade: nasceu uma menina. Pequena, frágil, como uma flor ao vento. Por temerem pela sua saúde, decidiram baptizá-la o mais depressa possível.

Mandaram os irmãos buscar água para o batismo. Mas eles, entre distrações e brincadeiras, demoraram. O pai, tomado pela impaciência — ou talvez por um impulso irreflectido — soltou um desejo infeliz:

— Quem me dera que se transformassem em corvos!

Mal as palavras lhe saíram da boca… ouviram-se batidas de asas. Sete corvos negros rasgaram o céu e desapareceram no horizonte.

A menina cresceu sem saber desses irmãos ausentes. Vivia entre histórias contadas pela mãe e silêncios escondidos. Até que, já moça, descobriu a verdade. E decidiu partir em busca deles — com um anel da mãe no bolso, pão e água na sacola, e coragem no peito.

A sua viagem levou-a longe. Chegou às casas do Sol, da Lua e das Estrelas. Cada uma mais estranha que a outra. Mas foram as Estrelas, serenas e brilhantes, que lhe deram uma chave — a chave para uma montanha de vidro onde os irmãos viviam, encantados.

Infelizmente, a menina perdeu a chave antes de chegar à entrada. Mas não cruzou os braços. Usando uma lasca de madeira, esculpiu uma nova, à força de determinação. E assim entrou.

Lá dentro, encontrou um anão que lhe permitiu esperar. Enquanto aguardava, não resistiu: provou um pedacinho de pão e um gole de cada caneca que ali estava. E, na última, deixou cair o anel — como quem deixa um sinal, uma pista, uma esperança.

Quando os corvos regressaram, perceberam que alguém estivera ali. O mais novo encontrou o anel e, com um nó na garganta, murmurou:

— Quem me dera que fosse a nossa irmã...

Nesse instante, ela saiu do esconderijo — olhos marejados, sorriso tímido. E, diante deles, quebrou-se o feitiço. Os corvos voltaram a ser rapazes. Irmãos. Filhos. Humanos outra vez.

Voltaram todos para casa, onde os pais os acolheram com alegria e lágrimas. E assim, com os sete filhos e a filha finalmente reunidos, a família ficou inteira. E feliz. Como deve ser. 🖤🕊️✨
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