Era uma vez um casal que, há muitos anos, ansiava por ter um filho. Esperaram, rezaram, sonharam. E um dia, finalmente, o milagre aconteceu — iam ter uma criança.
Ao lado da casa onde viviam havia um jardim exuberante, repleto de flores e hortaliças viçosas, que pertencia a uma feiticeira poderosa e temida por todos. Certo dia, a mulher espreitou pela janela e viu uns rabanetes tão verdes e apetitosos que sentiu um desejo irresistível de os provar. O anseio era tanto que, sem eles, dizia que não conseguiria viver.
O marido, aflito com o estado da esposa, decidiu invadir o jardim em segredo e colher alguns rabanetes. Mas foi apanhado pela feiticeira, que o encarou com olhos de tempestade. Como castigo, exigiu a criança que estava para nascer — em troca da sua vida… e dos rabanetes roubados.
E assim foi. Quando a bebé nasceu, a feiticeira apareceu, envolta em névoa, e levou-a nos braços. Chamou-lhe Rapunzel.
A menina cresceu e tornou-se dona de uma beleza singular, com cabelos longos e dourados como fios de sol. Para a manter longe do mundo, a feiticeira trancou-a numa torre altíssima, perdida no meio da floresta. Sem portas, sem escadas. Apenas uma janela no topo.
Sempre que queria entrar, a feiticeira gritava:
— Rapunzel, Rapunzel! Atira as tuas tranças!
E Rapunzel lançava os seus cabelos pela janela, para que a feiticeira subisse por ali.
Mas o destino é curioso. Um dia, um príncipe que passava por ali ouviu Rapunzel cantar. Ficou encantado com a voz dela — doce, livre, suspensa no ar. Decidiu descobrir quem cantava. Escondeu-se e viu a cena das tranças. E à noite, imitou a voz da feiticeira:
— Rapunzel, Rapunzel! Atira as tuas tranças!
Ela obedeceu. E quando deu pela diferença… já o príncipe estava diante dela, com os olhos cheios de admiração. A visita tornou-se hábito. O amor cresceu entre conversas e promessas sussurradas. Planeavam fugir juntos.
Mas a feiticeira descobriu tudo.
Num acesso de fúria, cortou as longas tranças de Rapunzel e levou-a para um lugar distante, deserto, escondido do mundo. Quando o príncipe voltou à torre, chamou por Rapunzel — e a feiticeira apareceu com as tranças falsas. Quando ele subiu, foi recebido com ódio: a feiticeira empurrou-o. Ele caiu em espinhos que lhe feriram os olhos. Ficou cego.
Durante anos, vagou pela floresta, guiado apenas pela memória da voz que amava. Até que, num fim de tarde, ouviu-a de novo — frágil, mas viva. Era Rapunzel.
Ela correu até ele, abraçou-o com força, e chorou. Duas lágrimas caíram-lhe sobre o rosto… e, como por milagre, devolveram-lhe a visão.
Rapunzel e o príncipe voltaram ao reino, onde foram recebidos com alegria e espanto. E ali viveram — felizes, juntos, inteiros. Como nas melhores histórias. Como nas canções que nunca se esquecem 🌿👑💫.