O Grilo Alegre

Era uma vez um grilo alegre, que passava os dias de verão a cantar sem parar.
Enquanto o sol dourava as folhas e as flores dançavam ao vento, o grilo soltava notas felizes, sem pensar no amanhã — nem no inverno que espreitava, silencioso.

Mas eis que, num piscar de olhos, o frio chegou. E com ele, a fome.
O grilo, coitadinho, não tinha nem um grão de trigo, nem um farelo de pão. Tremendo de frio e vazio por dentro, decidiu ir bater à porta da sua vizinha — a formiga trabalhadora.

— Por favor, amiga formiga — pediu ele, cabisbaixo — empresta-me um pouco de trigo, só o suficiente para aguentar até voltar o calor. Prometo que pago o dobro mal chegue a próxima colheita!

A formiga, com o avental cheio de migalhas e um olhar sério, cruzou os braços:

— E no verão? O que fizeste tu, enquanto eu carregava folhas e guardava comida?

— Cantei… cantei para todos os que passavam. Enchi a floresta de música — respondeu o grilo, com um sorriso tímido.

A formiga arqueou uma sobrancelha, pensativa. Depois, deu uma gargalhada curta:

— Cantar, cantaste? Pois então… dança agora!

O grilo encolheu-se, triste, mas algo mudou naquele momento. A formiga, que até então só conhecia o peso do trabalho, ficou com a canção do grilo presa na cabeça. Era bonita. Era leve. E deixou-lhe o coração mais quentinho.

Naquela noite, voltou atrás. Chamou o grilo e dividiu com ele uma migalha e uma história.
— Sabes, talvez haja espaço para o trabalho… e para a música — disse ela, oferecendo-lhe abrigo.

A partir daquele inverno, o grilo e a formiga tornaram-se uma dupla inseparável.
Cantavam e colhiam. Dançavam e carregavam folhas. Porque descobriram que, quando há amizade e equilíbrio, o verão pode durar o ano inteiro — mesmo com frio lá fora.

Fim. 🎶🐜🍂

(Adaptação livre do conto de Jean de La Fontaine)

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