O Corvo e a Raposa

Lá no alto de uma árvore antiga, com tronco rugoso e galhos retorcidos, pousava um nobre corvo, orgulhoso, com um belo pedaço de queijo no bico.
O sol atravessava as folhas, dourando-lhe as penas como se fosse rei da floresta.

Perto dali, veio a raposa, esperta como só ela.
Sentiu o cheiro do queijo e... ah, que tentação! Mas não sendo tola nem precipitada, preparou o seu plano com palavras doces como mel.

— Bom dia, senhor Corvo! — disse ela, sorrindo. — Que elegância a sua! Essas penas negras brilham como veludo ao sol. Aposto que tem uma voz encantadora. Se cantar tão bem quanto parece, então devíamos coroá-lo como rei das aves, ou talvez… Fénix dos nossos tempos!

O corvo, vaidoso e enfeitiçado pelo elogio, encheu o peito e… cááá! Abriu o bico para cantar.

Mas o queijo, ah, o queijo… caiu como uma pedra.

Zás! A raposa apanhou-o com um salto rápido e um olhar maroto.

— Veja bem, senhor Corvo — disse ela, lambendo os beiços — quem vive de elogios pode acabar de bico vazio. Guarde esta lição no seu ninho… se quiser jantar amanhã.

O corvo, atordoado, ficou a olhar o chão, murcho como folha caída.
Enganado, sim — mas agora mais sábio.

Desde esse dia, aprendeu a desconfiar das palavras doces demais e a fechar o bico… quando o queijo vale mais do que o canto.

Moral da história:
Quem só ouve o que lhe agrada, corre o risco de perder o que importa.

(Adaptação livre da fábula de Jean de La Fontaine) 🧀🦊🪶

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