A CIGARRA E A FORMIGA
Durante todo o verão, a cigarra cantou —
cantou, dançou, saltitou,
sem pensar em mais nada além do som do seu violino de asas.
Mas eis que chega o inverno, duro e sem compaixão.
As folhas já não sussurram, o chão está frio e nu.
A cigarra? Tremelicando de fome, sem um grão de milho, sem um farelo de pão.
Desesperada, bateu à porta da vizinha formiga,
trabalhadora, rica em reservas, e tão meticulosa quanto resmungona.
“Por favor, minha cara amiga”, suplicou a cigarra com um sorriso tímido,
“empresta-me só um tiquinho de comida — umas migalhas, vá!
Juro-te que pago tudo quando o calor voltar.”
A formiga ergueu uma sobrancelha.
“E o que fazias tu durante o verão todo, minha melódica vizinha?”
“Cantava”, disse a cigarra, “de manhã até o anoitecer.
Levei alegria a toda a floresta!”
A formiga cruzou os braços.
“Cantaste, foi? Muito bem… então dança agora.”
E, com um estalo seco da porta, ficou tudo dito.
🎭 Moral cantada ao vento:
Quem só canta quando o sol brilha, que aprenda a guardar quando a fartura dança.
Porque o inverno — ah! — o inverno não escuta cantigas.