A Importância da Produção de Conteúdo Infantil em Português de Portugal
Vivemos num mundo cada vez mais interligado, onde as fronteiras linguísticas se esbatem ao ritmo de cliques e ecrãs. Em Portugal, os miúdos começam a dizer “grama” em vez de “relva”, “ônibus” em vez de “autocarro”, “bala” no lugar de “rebuçado”, “listras” em vez de “riscas”... e o leite? Já não está no frigorífico — está na geladeira. A influência do português do Brasil no vocabulário dos mais novos é evidente. Afinal, eles são 200 milhões — nós, dez. É um fenómeno natural, quase inevitável.
Com mais de sete mil línguas faladas em todo o planeta, o português ocupa orgulhosamente o lugar de uma das cinco mais faladas. Mas não é uma língua monolítica. As suas variantes são plurais, ricas, distintas — nos sons, nas expressões, na maneira como as frases ganham vida. Onde nós dizemos “dá-me”, no Brasil dizem “me dá”. Cada forma tem a sua lógica, a sua música, a sua história.
Neste cenário, torna-se urgente reforçar a criação de conteúdos infantis em português europeu. Não por uma questão de purismo, preconceito ou rejeição do que vem de fora. Nada disso. Trata-se, sim, de respeito — respeito pelas variantes, pelos sotaques, pelos modos de dizer e sentir.
Produzir conteúdos para crianças no português de Portugal é uma forma de proteger a nossa identidade linguística. É garantir que as crianças cresçam a reconhecer e a usar o vocabulário, a sintaxe e a sonoridade que fazem parte da sua cultura. É permitir que se revejam no que ouvem, leem e dizem.
A diversidade linguística é uma herança valiosa — e como tal, merece ser cuidada. Cada variante do português tem a sua beleza, as suas voltas e encantos. Todas juntas, formam uma língua vibrante, viva, em constante reinvenção.
Por isso, sim: é essencial continuar a criar e divulgar conteúdos infantis em português de Portugal. Porque as palavras que ensinamos hoje moldam a voz com que as próximas gerações vão contar as suas histórias.
Bicho de 7 Cabeças - o melhor da música infantil*